só pra dizer

só pra dizer coisas que não parecem fazer sentido ou que estão fora de nosso alcance ou compreensão. só para poder dizer com liberdade e sem julgamento pensamentos cotidianos desconexos, ou muito integrados, de pequenas partículas de luz que não levam a nada, ou que significam tudo. só para poder falar sobre o que poderia ser real e fantasiar soluções possíveis; ou pelo contrário, desconstruir as tantas conotações e interpretações que criamos para finalmente ver o que está por detrás. para derrubar verdades absolutas inventadas e acreditadas por tanto tempo. só para dizer que nada disso existe de verdade apenas o que criamos nós mesmos. ou não também. e tá tudo bem.

só pra poder me abrir sem parecer louca. porque tudo o que eu penso, falo, acho, vejo ou sinto vai ou muito além do que já passou pela cabeça de qualquer um, ou muito aquém da realidade e completamente fora de contexto ou sentido. ou os dois. ou nenhum. ou justamente só para ser ‘louca’ e poder pensar, falar, achar e sentir o que eu quiser, e determinar que o que eu quiser que seja será. porque se nada existe e estamos aqui construindo e formando novas coisas a partir de outras já existentes. então tudo pode ser. como mesmo cheguei a pensar isso? não sei. e tá tudo bem.

como quando tudo parece estar certo e perfeito, ‘feliz’, e de repente, no bater de asas de uma borboleta, lhe foge o espírito da harmonia e tudo parece estar errado e quebrado, ‘triste’. é num pequeno detalhe que escorre pelas mãos o mood dos sentimentos, na delicadeza das sensações, na vibração do invisível. num sopro de outra frequência. o que te faz bem? o que te faz feliz? tá fazendo isso todos os dias? como está sua rotina? como está sua alimentação? tem dormido direito? dá-lhe vitamina d. é isso e tudo se resolve? ou tem muito mais por trás. ou não tem. e tá tudo bem.

porque talvez eu quase esteja chegando lá mas quando me dou conta daquele milésimo de segundo de repente tudo se perde. e volto pro zero. onde estava mesmo? a sensação que me dá é a de que fios de neurônios se conectam um bilhão de vezes e com um bilhão de diferentes informações que já acumulei no meu cérebro e criam uma sinapse totalmente maluca. com uma informação transformadora. que está já na ponta da língua. na minha cara. bem en frente aos meus olhos. mas que não consigo compreender. tá no milésimo de segundo da razão. no momento em que busco sentido. na precisão do tentar explicar-se. parece ser algo que vai mudar tudo. ou não vai. mas por algum motivo não o alcanço mesmo. e tá tudo bem.

será que sou só eu? impossível. todos nós fazemos essas sinapses muito complicadas quase que incompreensíveis. mas onde estão? por que todos seguem fingindo que não existem? num mundo meio louco, porém óbvio; ou num mundo meio óbvio, porém louco, as pessoas estariam unidas para conversar sobre as sinapses que estão fazendo e, assim, podermos evoluir. talvez mais decência e conversa não violenta na busca por uma real e pura compreensão entre nós e sobre tudo à nossa volta já nos evitaria muitas, se não todas, as brigas, desentendimentos e até guerras. não? me parece lógico. mas pelo jeito não é. e tá tudo bem.

às vezes eu penso demais. e às vezes eu penso de menos. às vezes é tudo ou nada. e às vezes tanto faz porque tudo é nada e nada é tudo. às vezes eu só não quero pensar em nada. nem fazer nada. ou mesmo me mexer. já percebeu o mundo girar enquanto o corpo fica apenas inerte? no silêncio. apenas ao som da vida acontecendo ao redor. essa sim é a melhor sensação de todas. apenas observar. apenas sentir. apenas imaginar. fechar os olhos e viajar nas muitas sensações que acontecem entre a casca e a essência. onde o tempo pode passar à vontade. e tá tudo bem.

porque nessa brincadeira de pode ser uma coisa e pode ser outra, a gente fica sem saber. um lado da história é se esforçar muito. é estudar bastante e com afinco. muitas vezes nunca parar de estudar. é batalhar para conquistar tudo o que deseja. o que a sociedade diz que temos que ter. um carro. uma casa. uma família. dois ou três filhos. uma carreira de sucesso. ganhar bem para poder comprar tudo do bom e do melhor. crescer na profissão, se tornar chefe ou CEO ou presidente. mas nunca parar. nunca parar de sonhar. nunca parar de acreditar. ler sua previsão. ler os jornais. entender sobre tudo. para poder ter opinião sobre tudo, e, logo, ter uma solução para tudo. ser bem apessoado, e ter bons contatos, o tal ‘networking’. afinal esse é realmente o único jeito de se conseguir um bom emprego ultimamente. ter muitos followers. sempre atualizar com seu dia a dia. mostrar o quão abençoada você é. como tudo é sempre muito bom para você e tudo o que você faz é incrível. em comparação com a outra pessoa que está te assistindo. ser melhor que ela. ser melhor do que o outro. ser bem quisto. ser querido. ser apreciado. ser desejado por todos. ter um milhão de convites para várias festas. ter uma agenda cheia. um dia cheio. de muita produtividade. de muita proatividade. se envolver e se desenvolver. encaixar um pouco de tudo. fazer a academia. beber os 2 litros de água. e também cumprir com todos os tópicos da lista da agenda do dia. phew, dever cumprido. e tá tudo bem.

tá tudo bem? estaríamos mesmo chegando à algum lugar?

o outro lado da história é não se esforçar muito. apenas fazer o que dá. não se estressar imaginando mundos e fundos de que se vá alcançar. é viver pequeno. viver simples. apreciar as pequenas coisas. dar valor às pequenas conquistas. é acordar no dia após dia buscando fazer com que aquele dia seja bom para todos em volta. é não precisar de um carro. não precisar de uma casa grande. nem cara. não precisar ter todas as roupas da loja. e nem ficar descartando e trocando o armário toda hora. é não sair todos os dias. não viver para encontrar com amigos e ir a eventos todos os dias. porque ir para casa e ficar só ou com queridos é suficiente. é entender que todo o emprego é emprego. e que não é preciso se matar, perder horas de sono, se entupir de trabalho para mostrar que é bom. para ser alguém na vida. é caminhar devagar. realmente olhar. e ouvir. e também fazer a academia. mas se não der hoje, tudo bem. e também beber os 2 litros de água, mas se não tiver com vontade tudo bem. e também cumprir com tarefas do cotidiano, mas na velocidade que dá, no tempo que dá, compartilhando com alguém e fazendo com gosto, e se divertindo com a tarefa e se não quiser tudo bem. é reconhecer que todos os sucessos e investimentos e recebimentos do outro lado da história não levam a nada. porque é um ciclo sem fim. porque nunca estará bom suficiente. porque nunca vai ter o suficiente. sempre haverá o querer mais e, com essa lógica, o que se busca nunca pode ser alcançado. é saber que aqui e agora já está bom demais e que não precisamos de muito para ser feliz. e tá tudo bem.

e tá tudo bem mesmo? todo dia essa luta. que lado escolher?

só pra escancarar que nada importa. ei, você aí correndo atrás de um monte de coisa pra ter e ser. nada disso importa. porque você já é. e você não precisa de nada. sabe o que importa? a água importa. as árvores importam. dormir bem importa. se conhecer e se entender importa. andar com calma importa. sentir a sua respiração enquanto vive o dia importa. as pessoas à sua volta importam. e todos que aqui no planeta moram importa. não é só sobre a sua pessoa. a sua família. a sua carreira. o seu país. mas sim sobre tudo junto. porque todo o mundo importa.

só pra dizer que é preciso, na verdade, encontrar uma forma de viver que faça bem. para todos. mas que tenha sentido. para você.

blasé 32 on a lull

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what a journey! or what a rollercoaster I should say! this year was so special It will be hard to really put into words all that’s happened. you may have heard about the famous saturn 29 years cycle, the turn that the planet does around the earth where it gets to same point after 29 years, which means it comes back to the point where you were born. well, that happened 3 years ago to me and where I see myself now is right after all this. I moved away to another country, just for a start. I decided my career wasn’t doing its job anymore. so I needed to review myself. little I knew I would have been reviewed in so many other aspects too. I left everything behind and had my heart fulfilled and broken some times for different reasons. let’s not forget there was also a covid worldwide disruption to survive along the way. 32 is about after the storm when the lull begins. at least it is what I hope for.

32 is like a breeze coming to settle my heart down. the smell is cherry blossom. the moment is to be reborn. to give myself a fresh restart. I know what I want. I have what I need. all the love I have experienced and been given on 2019 is fuelling me to go towards this lull moment of only being and existing to delight.

no more the dream of living in France coming through my mind, this is water under the bridge; no more the pressure of the visa for the next 2 years, I was studying a higher diploma that gave me visa to stay in Ireland for a time; no more the urge to be someone important, I have myself and that is enough. that is actually everything. and I can relax. I can feel the light air of the sea. I can enjoy the sun at the park with my friends and drinks. I can plan a party or night of games at home with neighbours. I can get my bike and cycle to the waterfall close to my house or to any park or beach and just enjoy the day. I can watch tv series until late night. I can go hiking with my sister to see the sunset. I have good company and people beside of me. I have a work that I like to do and that challenges me to learn a bit more everyday. a work that I don’t take home, that I don’t do extra hours, that it doesn’t waste my energy until it’s dust. and with all that I can enjoy the day by day of my life.

the year is number 6 to me. the last time on a year like that, I got to accomplish and to grow in many areas of my life at the time. I think it’s similar now, I finished college in another country and in another language, I became manager in a store of an international company and I was living and sharing my life with someone for the first time. it wasn’t easy. it never is. I cried basically everyday during this college, only really finished because I made good angels there that never let me give up; I feel the stress of being manager everyday until today. 3 of these months I had of pure pressure and stress day after day, only noticing who is really by your side when you need; I found out how crazy and good it can be to share your daily life with someone, only realising later it wouldn’t last forever. but I also overcome. I thrive. I get happy with myself for all I experience. in the end, everything becomes useful, a memory, or even fun to me. and I can relax. I look around. I see myself. I see the sunrising, the sunset or the rain. I feel the wind. I close my eyes. I see everyone I care about. I see everyone that cares about me. I see how far I’ve come. it’s when I realise I am happy everyday. with everything, even with all the bad parts. I am happy when I have time for breakfast in the morning. I am happy when I don’t. I am happy when I have the chance to go to work by walking and listening to music. I am happy when I need to get bus. I am happy when I am on time. I am happy when I am late. I am happy I cried lots during college and I am happy because I finished it. I am happy when I have nothing to do. I am happy when I have so much to do I don’t even know where to start. I am happy when I meet my friends in work and we laugh about any and everything. I am happy I had good times sharing my life with someone and with this beautiful opportunity I had to. I am also happy with all I learnt from its ending. I am happy when the work is hard because I am thriving on chaos and I am learning. I am happy when I have a new challenge to overcome, if it’s on work or out of work, and mostly I am happy because I feel all different kinds of feelings and emotions, even hate and anger, but I can still see they are all happiness in the end. all good parts brought me here. all the bad parts brought me here too.

the maturity that 32 surfs on releases the noxious tensions of society and clears up to me that everything is sublime when we are fully living it all. for that to happen I don’t need to be CEO of any company or to be working stressfully for any big company in my area of career, I don’t need a huge house and to have a car to realise I am happy. seven pillars of my life are being fed, they are 1. family, 2. love, 3. studies, 4. friends, 5. health, 6. work, 7. spirit. from time to time, my sister and I use to give a rate of 1 to 5 to the 7 pillars to check on how we feeling in each important part of our lives. I believe that’s where I need to feel happiness and fulfilment. because it doesn’t matter if I have a problem, an issue, a pain, a situation to solve, or if I am suffering, because it’s inevitable. it’s part of daily life, it’s also part of the living and being happy. it’s part of the learning process and part of the puzzle I am playing while I put my life together into a story. the matter is: do I feel happy?

this lull year brought up topics of overcoming frustrations and overcoming the friction of having people that don’t like me around. it was hard. I had to face it. I got sad, angry, upset, insecure. I tried to captivate, to be friends, to understand, to do what they wanted, to let them manipulate me, to let them to do my things. It’s not how it works. everyone is an amazing human being itself. and each one of us had our own opinions, options, desires, rights. that’s it. they can think and say whatever they want. I am not going to change because of others. I am not going to do different because of others. I am finally free. I don’t care if someone has any problems with me or just don’t like me, my way or my personality. either if someone doesn’t get along with me or doesn’t agree with me. it’s completely their problems now. I know it sounds obvious, but it’s actually not. most of people do care. I had to deal with this during this year of rooting my own self to the ground and I found out I like myself too much to get any distress of that. and I can relax. everyone is allow to get along with someone or not, to feel comfortable with someone or not, to like someone or not. it’s beautiful. if they don’t like me, that’s fine by me, I can still like them anyway. it just doesn’t affect me anymore. I can perfectly have empathy and to like someone that doesn’t like me back. to like me, it’s up to them. and to like them, it’s up me. and if people still think this is a two-way street, “they are so behind, it’s ridiculous.”

I lost someone. I got someone. I moved in. I moved out. some cycles came to an end. others started. some things we just know. others just don’t seem to have an answer. my family said to me once that 32 is an important age for love. It is indeed. and I can relax. I discovered a feeling. I enjoyed every moment. I found out my limits. I know what I want. and I am happy with this findings.

one of the richest realisations I had is that the smallest and simplest things are the ones that get me the most. another one is that I see all imperfections and mishaps of life as perfect complements to my history. therefore, everything counts and is very important to me. throughout the ups and downs, I can say 32 is the pinnacle of all the goals and achievements I was looking for 10 years ago. if an interviewer would asked me “how do you see yourself in 10 years from now?” back then, that’s what I would have said.

I am ready for what it’s coming next.

o ano é 2020,

aqui estou. onde estou. vestindo o meu corpo. tem tanta coisa aqui dentro. está tudo uma bagunça. são 30 anos de vida. fazia questão de manter antes organizado. não fiz mais. entreguei pro vento. senti a energia. segui o fluxo. deixei fluir. descontrolei as regras. me reservei o direito de ser livre. receio de não conseguir voltar mais ao que era. acreditei na intuição. uma vez ela me levou para o lugar mais feliz em que já estive. na segunda vez não foi assim. estava tão enganada? como vim parar aqui? tem um nó aqui dentro. a dualidade é o que há de mais vivo e intenso no meu interior agora. é como se eu tivesse perdido a confiança em mim. já que o que apostei não era o certo. então não sei mais o que é. se o que fiz até aqui serviu pra alguma coisa. se significou alguma coisa. se errei agora, o que mais poderia não ter acertado? me desconectei? o que era aquilo que me fez mergulhar de cabeça tão crente? talvez toda a minha fé tenha ido junto com o que poderia ser e não foi. resta pouca. aqui dentro só tem cacos. tudo despedaçado. não à toa voam farpas pra todo lado. como uma tríade corpo, alma e espírito tão harmonizada conseguiu se quebrar tão facilmente? fico buscando respostas. é como tentar montar um quebra-cabeça de 10.000 peças do céu. não sei por onde começar. não sei pra onde tem que ir. o que parecia ser óbvio agora já não é mais. tudo pode ser possível. às vezes queria poder culpar alguém ou algo. como fazem. e assim até me dizem. é mais fácil. ajuda. acalma a dor. é verdade. ainda assim, é difícil acreditar. sei que sou a autora de minha própria história. sei que poderia ter feito diferente. eu acho. provavelmente não teria feito. a questão é: por quê? por que me vejo novamente como que vestindo a camisa de força? dentro daquela doma invisível que me prendia. já tinha conseguido me libertar. e lutei tanto pra conseguir. algo pendente que não resolvi? outro destino que me aguarda? alguma lição por qualquer atitude errada? a mente não para de procurar motivos surreais. e eis que me pego novamente procurando uma razão maior. uma explicação para não me ver mais feliz como acabei de estar. talvez não consiga sustentar. porque toda vez que cheguei perto de atingir o que mais queria, por algum motivo, caminhei dali. coloco um objetivo. cumpro as metas. e quando o final está ali. eu saio de cena. não sei o porquê. inconsciente. achei que apenas partia em direção ao que vim. depois dessa sigo sem saber. de novo. daqui não vejo mais. tudo fazia sentido. e agora não faz mais. vim energizada. caí e levantei. recebi e juntei todas as mais belas energias de amor. fiz minhas malas. a bagagem mais colorida. e a deixei de lado. me perdi. percebi. sou daqui. sou de lá. metade tá aqui. metade tá lá. não é que aqui não seja eu. ou não seja feliz. não é que lá seja tudo. ou o meu lugar. não tenho casa. uma sensação que tomou conta de mim no dia em que parti. pois não é aqui. e se também não é lá. uma tristeza se sobrepõe outra.  devo conter o sentimento que aperta aqui dentro. parece errado sentir essa dor. em frente aos que estão aqui comigo. eles não entendem. não os julgo. estou sozinha. me aproximo do que se pode chamar coração dividido. é isso, meu coração está literalmente partido. aqui ou lá vai doer. aqui ou lá é parte realização e parte error. e não conseguir lidar não só machuca os outros em volta. mas à mim duplamente. tenho medo de me aproximar demais. pois vou partir. não quero me apegar. também não quero faltar. não estou conseguindo agir diferente. apesar de ver minhas ações ruins. é como cortar feridas novamente. todo dia. desse lugar onde falo, há muita fumaça.  há muita dúvida. também há muito amor. e muita paz. mesmo com tudo desmoronando em volta. tenho calma. me sinto aflita. confio. meu pé atrás para dar o próximo passo. seria mais fácil aqui ficar. sem mais se mexer. não vai levar a lugar nenhum. por óbvio. preciso caminhar. seguir em frente. já lá onde for me levar. devo acreditar. que minha casa sou eu. onde quer que eu vá. estou em casa.

para o meu primeiro amor

dizem as boas línguas que é quando se menos espera que o amor aparece. e assim foi. só que como nem tudo são flores, não nos gostávamos quando nos conhecemos. me lembro de ver um menino muito sem noção ficar esquentado e causar horrores no meio de um jogo de futebol, o qual ele era um dos jogadores e eu uma das espectadoras. disse ele que já havia me notado antes desse evento, e que me achava uma pessoa com ar de metida. mesmo ele tendo ficado com uma de minhas melhores amigas antes, fomos nos aproximando time after time, a cada dia em que nossos grupos de amigos saíam juntos. era bom quando estávamos juntos. ríamos muito. tudo era piada. e se não era, virava. nada passava impune. até que chegamos a um ponto onde não víamos mais as pessoas à nossa volta, não notávamos nossos amigos, nem sequer participávamos das conversas alheias. havíamos criado um mundo particular todo nosso. e nem percebemos. fomos dar o nosso primeiro beijo no dia 26 de dezembro de 2006 e aí você poderia se perguntar “Como conseguiram que isso acontecesse um dia após o Natal?”, afinal ainda é praticamente feriado e ninguém fica na cidade. bom, eu não fico. mas vim para ficar 2 dias e viajar novamente. e não sei porquê raios ele quis ir me ver. apareceu com a desculpa mais esfarrapada de todas, com um de nossos amigos que nem foi ver a namorada dele que, por acaso, morava no mesmo prédio que o meu. não entendi. mas ele fez ser um dia especial. naquele momento eu não fazia ideia, mas soube por ele depois, que já estava interessado e queria ficar comigo. distraída que só eu, não estava entendendo nada até ele tentar me beijar por volta da 0h30, quando fui subir para meu apartamento, so kiss me. 26 ou 27? eis a questão que acompanhou nossos 5 anos de namoro. para mim 26, pois só é amanhã depois que se acorda e, para ele 27, pois já é amanhã à 0h. sim, meu primeiro amor foi recíproco. éramos uma simbiose muito boa. ambos os palhaços das turmas, ambos brincalhões e sempre dispostos a fazer uma piada pra todos rirem. também os mais comilões, poderíamos ir ao rodízio de comida japonesa e, logo após, chamar a galera para ir ao habib’s – daí os nossos apelidos, mas não vou entrar tanto em detalhes. tínhamos nosso mundinho fechado, onde não queríamos estar em nenhum outro lugar, onde fazíamos nada e ficávamos em silêncio juntos e era a melhor coisa de todas, onde tudo era possível e perfeito quando estávamos só eu e ele, ele e eu, juntinhos. ele tomava conta de mim, não porquê achava que mandava em mim mas porquê se importava. me respeitava, queria saber como foi o meu dia, queria compartilhar o seu e, assim, construir planos. fizemos diversas promessas e juras de amor. o que mais me dói hoje, ainda, porque prometemos jamais desistir um do outro e ele sempre cumpriu a parte dele enquanto foi eu quem abandonei o barco. não sou de descumprir promessas, esse é um fantasma que me assombra. gostaria de acreditar ser normal prometermos ao nosso atual amor mundos e fundos sem saber do amanhã. ou será que não deveríamos fazê-lo jamais? eu ainda não sei sobre isso. como sua primeira namorada, e ele com meu primeiro namorado, creio que posso dizer que nos saímos muito bem. ele me dava flores sem motivo aparente ou data especial, é primavera, me dava apelidos carinhosos, bichinhos de pelúcia, me levava para jantar, me pediu em namoro com direito à aliança no salãozinho do prédio, onde passamos grande parte do nosso início de namoro e onde muita história aconteceu, com a gente e com nossos amigos. tínhamos códigos próprios que criamos para nossa relação e uma rotina de namoro estável gostosinha aos nossos 18 anos. descobrimos o amor juntos e decidimos juntos que isso seria para sempre. you look so lovely. tudo muito lindo quando se tratava só de nós dois, porém, assim como nos filmes, as famílias fatalmente dão aquela boa atrapalhada. tivémos problemas com a minha família, que implicou com a minha liberdade por ser ainda muito jovem. ao invés de ceder, ele quis enfrentar e virou uma guerra da qual eu fiquei no meio sem saber pra onde correr. as intenções de todos eram boas mas o que restou foram somente pedaços estilhaçados no chão para eu catar. existe uma quote que diz “você deve se casar com a família do seu companheiro também”, e eu nunca a havia entendido até que, de repente, mais pra frente, tudo fez sentido. é difícil viver e conviver em um casamento onde suas famílias estão partidas. como poderíamos sem felizes sem uma parte de nossas famílias? assim como ele não abandonaria a dele, eu não abandonaria a minha. nos amávamos muito e lidamos como foi possível. o que não percebemos é que aquilo teria sido o começo do nosso fim. junto com o que veio depois, e não contávamos, o fato de que crescemos, e amadurecemos, e mudamos. as cobranças começaram, as irritações, os desejos diferentes de cada um. foi como se começássemos a caminhar em ruas diferentes. e outra pessoa ganhou espaço. com a falta de comunicação, de entendimento e de jogar aberto um com o outro, uma brecha foi aberta em nosso mundinho protegido. nos descuidamos. nos afastamos. o dia em que o contei eu jamais irei esquecer. mas ele era o meu primeiro amor, e eu o dele, então não queríamos que acabasse. eu não queria acreditar que a minha história de amor teria chegado a um fim. continuamos juntos e tentamos levar adiante. ele teve que se mudar de cidade, o que ajudou a dificultar as coisas. escrevendo este texto agora é que estou conseguindo observar: é interessante ver, de longe, como, na linha do tempo, acontecimentos que pareciam ser simples e que acreditávamos conseguir lidar bem, não foram exatamente como imaginamos. eu não soube amá-lo. você não soube me amar. eu não tive as guts, não estava pronta. acho que nem ele. é fácil falar daqui, 8 anos depois. talvez tudo poderia ter sido diferente. talvez poderíamos ter sentado e jogado todas as nossas bostas no ventilador, para empestear tudo e começarmos a limpar do 0, uma a uma. afinal, o amor são flores. mas vivê-lo todos os dias não é um mar delas. o fim da nossa história de amor é que não fizemos isso. e, assim, em algum dado momento eu percebi que não estávamos mais indo a lugar algum. e também que eu não queria mais ir. passei a me sentir como se estivesse presa, como se não fizesse mais sentido. eu não podia mais continuar com aquilo. cause i see sunset in your eyes. eu tive que partir. o nosso relacionamento chegou ao fim. e aquele amor também. mas não o amor que descobrimos, nem nada do que vivemos, e jamais o amor verdadeiro de se querer bem e de se desejar o bem seja aonde ele for. teria dado certo e teríamos sido felizes eu não sei, eu sei que ele queria tudo comigo. pra toda a vida. e mesmo que não tenha dado certo, apesar de existirem partes não tão boas em toda a história que vivemos, eu fui feliz e escolho guardar somente as lembranças boas e tudo o que aprendi com ele, o meu primeiro amor. sim. por favor. obrigada.

círculos

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Já são muitos os rascunhos salvos no arquivo em busca do texto perfeito. Ele não vem. E não dá mais para esperar. Algo aqui dentro está prestes a explodir!, e precisa sair. Uma sensação estranha é o que se sente, e um pressentimento indefinido paira no ar de que há algo de mal contado por aí. Se por um lado pode ser paranoia, por outro pode ser pura ignorância. A verdade é que não há meios para sair do lugar. Tudo o que há são círculos. Enormes e minúsculos círculos, que mantêm o formato arredondado e curvilínio de uma roda viva que não cessa. Tudo está parado e não é possível ter esta percepção porque o medo de quebrar é intolerável. O medo de se perder é incalculável. E o medo da insanidade é inimaginável. Não é Natal e não é dezembro: não é hora de comprar presentes e fazer festas; Não é Férias e não é final de ano: não é hora de nos jogarmos contra o tempo em busca de soluções rápidas e impossíveis; Não é Beleza e não é cabelo: não é mais o tempo do ter; Não é Internet e não é facebook: não há ninguém ali; Não é Dinheiro e não é status: não há exatamente uma identidade nisso; Não é Ler e não é saber: não há espaço para tudo isso; Não é Estudar e não é trabalhar: não estamos ganhando nada com isso; Não é o Capital e não é o Socialismo: não precisa ser um ou outro; Não é Vender e não é “bombar”: não estamos construindo nada; Não é Acertar e não é Errar: é testar; Não é o Passado e não é o Futuro: é o Presente. Está parado porque tudo é uma repetição constante. E não há nada de errado ou mesmo de certo. Há o que há. Não consigo dormir. Não quero dormir, a noite está linda. Porque preciso dormir, mesmo? Porque é preciso acordar. Pensar que é bom, nada. Sinto que estou presa neste círculo também ao repetir sempre a mesma coisa, a ter sempre a mesma sensação… e sozinha.

3 words

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No quarto sozinho, começa a escrever e sente um arrepio. O quarto o absorve por completo e o que está em seu interior toma conta dele. É como uma permuta osmática a procura de estabilidade e equilíbrio para exalar algo real e de forma íntegra. A velocidade que os dedos se movem em cima do teclado não corresponde nem à metade do processo da mente, ela não para. O coração está disparado e uma corrente de sensações transpassa por todo o corpo cada vez que a memória traz para os olhos qualquer flashback dessa vida, e transborda por cada poro como se insistisse: I’m real. Todas as células se enquadram. Se encaixam. O funcionamento perfeito de uma engrenagem em que cada centímetro do corpo participa dessa viagem. Elas estão em uma inédita rave interna utilizando todos os tipos de drogas ilícitas e entorpecentes, testando os limites da alma que escolheu este corpo. Is it real? Ela não para de perguntar. Entre os momentos inventados e os momentos vividos, um universo de medos distintos e de riscos corridos potencializa essa incerteza. Mas é maluco, e natural. Sublime. Cada vivência, mesmo que apressada e em grande quantidade faz parte da sequência ilógica de vida. E, inacreditávelmente, constrói uma cadência de imprevisibilidades correlacionadas ao que é, à princípio, sem sentido. It known, it is crazy. It known, anybody can understand. It known, this is it. Coração ainda disparado. And those 3 little words comes out of mouth.

reviravolta

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Muito se passou desde o meu “Goodbye?“. Tanta coisa que nem sei por onde começar, estive out de todas as redes e de repente me vi conectada com o mundo em uma proporção 12 x maior comparada a anterior. Um mar de possibilidade se abriu bem diante do meu nariz, e me tirou o chão. Pela primeira vez na vida me deparei com pessoas que, finalmente, partilhavam dos mesmos pensamentos e objetivos que eu, uma busca que já estava a beira de ser proclamada como impossível. Estavam lá. Pessoas de poder. E falo do poder na sua forma mais bela, o poder que existe porque vem de dentro, não o poder que se utiliza da bengala material para calar opiniões. Uma energia única. Um achado. A preciosidade de ter encontrado um lugar para errar. Errar e receber um abraço de consolo e uma mão para a refação. Porque ninguém precisa estar sozinho neste mundo. E parece um ridículo clichê falar assim, mas é exatamente o que é.
Eu nunca fui muito boa com escolhas e/ou na tomada de decisões. Mesmo sabendo que é muito importante saber tomar decisões e fazer escolhas na vida, quando me vejo nesta encruzilhada, costumo optar por todas elas: me desdobro em vinte se for preciso para fazer tudo o que quero e, se não consigo, tenho o péssimo hábito de deixar que façam a escolha final por mim. Sim, assustador. E uma hora isso tinha que acabar. Coragem.

Nesta reviravolta, o autoconhecimento é tema central. E abril foi o mês dos tapas na cara. O joelho já não funcionava mais, e a visão de um ser todo vestido de branco balançando a cabeça na horizontal para a minha dança não fora nada legal: depressão e incômodo foram sensações que me fizeram remoer questões que eu prendia fortemente com o joelho em uma gaveta sem tranca. Não está certo. Será? O que não está certo? Está tudo em ruina. Está tudo compreendido. Estou cansada de reviver. Chega de tudo! Disse “Goodbye” e sumi! Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Um soco. Mas um soco necessário. Vazio.

 

 

 

 

 

 

 

 

Um vazio imenso tomou conta de mim. Não havia nada em volta. Não havia nada do que eu era. Tinha se esvaído. Mudou tudo sem me avisar. Quem deixou? Essa não sou eu. Presa e apagada. Quieta e conformada. Conflito interno? Mas ninguém pode saber. Sh, ninguém pode ouvir. Ninguém tem isso, porque eu teria? Preciso gritar! Não, não pode. Engole o choro, e sorri. Pretend? Coragem.

Praquê? Porquê? É o que é, não é? Então é isso aí. Estou assim agora, não sei o que sinto, não sei o que tenho. Sabe o que eu tenho? Tenho esse não saber todo especial que está querendo me dizer alguma coisa. E como é lindo viver esse não saber. Ficar nervoso, estressado, fingindo que nada está acontecendo é o caminho mais rápido para o nada. Viver a experiência do X é que o mágico. Eu vivi. E a experiência de viver o X é que é a catalisadora de mudanças. Quando voltei, a minha relação com o mundo virtual, que eu tinha abandonado, mudou. Minha compreensão sobre o trabalho. Minhas vontades, decisões e escolhas mais acertivas: eu não vou sair da dança; eu vou dirigir; eu vou pintar meu cabelo da cor que eu quiser; eu vou me deixar viver a experiência e a oportunidade que tenho para vivenciar isso e pronto; e chega de tentar o intentável, quero da minha o que dela eu quiser fazer para ter o que tiver que ser. A verdade é que não existe uma verdade. Existem várias verdades, não importa a direção que você tome. E essa é a minha!

E tudo isso só pode ser obra resultante de um 2012 maravilhoso pedido sob encomenda, que carrego em meu pulso esquerdo. Coragem.
O processo é lento, mas ele é constante.

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Seja comunicador e você sentirá dificuldade em se comunicar
Seja administrador e você terá dificuldade em administrar seu dia
Seja nutricionista e você terá dificuldade em se alimentar de forma saudável
Seja psicólogo e você terá diversos problemas pessoais e familiares
Seja advogado e você perderá a noção do que é certo e errado
Seja médico e você não saberá o que fazer quando sua filha estiver com febre
Seja estilista e você não saberá mais se vestir
Seja arquiteto e você não ficará mais do que 2 horas acordado em sua casa
Seja fisioterapeuta e você terá problemas de articulação
Seja jornalista e você não saberá mais o quê escrever
Seja economista e você pagará mais contas do que pode pagar o seu salário
Seja pedagogo e você terá dificuldade de explicar qualquer coisa
Seja engenheiro e você não saberá reconstruir e reformar a sua casa
Seja dona de casa e você passará mais tempo na rua do que em casa
Seja palhaço e você não conseguirá se animar
Seja artista e você descobrirá o mundo p&b
Seja lixeiro e você se verá jogando lixo no chão
Seja prostituta e você não saberá fazer amor
Seja presidente e você perderá as raízes de sua nação.